É com elevado sentido de responsabilidade e missão que assumo a presidência da Associação BRP. Estou, juntamente com a restante Direção, empenhado em ampliar a influência e o impacto das nossas propostas e iniciativas na sociedade e no país, de formar a concretizar a ambição de crescimento que reclamamos para Portugal.
Mas será muito provavelmente atribuível às restrições impostas pelos vários países relativamente à circulação de pessoas decorrentes das medidas de mitigação da pandemia COVID-19.
Apesar de em 2021 ainda terem existido várias restrições à liberdade de movimentação de pessoas, o número de emigrantes portugueses regressou a níveis elevados muito mais próximos dos verificados nos períodos pré-pandemia. Saíram do país mais 60.000 pessoas. Em 2019 foram 80.000. Nos últimos dez anos a média foi de 90 mil pessoas por ano.
Estes números refletem provavelmente apenas uma parte do número de portugueses que ficou indisponível para o mercado de trabalho português pois já não é preciso emigrar para sair de Portugal – a aceitação e adoção mais generalizada do trabalho remoto estará a mascarar as estatísticas de emigração.
A Associação Business Roundtable Portugal (Associação BRP) está preocupada com a evolução dos níveis de emigração e com as suas consequências na sociedade, na economia e no país, destacando os seguintes motivos:
Os baixos salários – 42%1 inferiores à média da União Europeia -, a carga fiscal excessiva e o elevado custo de vida, em particular da habitação nos principais centros urbanos, impedem os jovens de alcançar a sua independência e prejudicam a atratividade do nosso país e motivam a sua saída.
Em 2021, a taxa de desemprego jovem foi de 23%2, 54% dos contratos de trabalho celebrados eram temporários3 e, em 2019, 30% dos trabalhadores jovens eram sobrequalificados para as funções desempenhadas2. Não estamos a proporcionar aos jovens as condições de realização pessoal e profissional necessárias para permanecerem em Portugal.
Os jovens devem ter a oportunidade de ter um futuro de sonho em Portugal. Para tal, temos de renovar a ambição e sentido de urgência para a mudança, criando melhores condições para o crescimento económico e a criação de riqueza. O Orçamento do Estado para 2023 apresenta medidas que vão na direção certa, como seja o alargamento do IRS Jovem, no entanto temos de ser mais ambiciosos.
É absolutamente urgente encontrar soluções para atrair e reter os milhares de profissionais qualificados que são formados em Portugal. Um desafio que cabe às empresas e ao Estado responder.
Precisamos de assegurar melhores salários, tanto pelo aumento da remuneração como pela redução da carga fiscal e do custo de vida, melhores oportunidades de carreira e um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional, ou seja, melhores condições de vida.
A Associação BRP está disponível para contribuir para este objetivo de termos um país mais promissor e atrativo para os nossos jovens. A bem de Portugal e dos portugueses.
[1] De acordo com o Eurostat, o salário médio em Portugal ascendeu em 2021 a 19,3 m€, o que compara com a média da EU de 33,5 m€.
[2] De acordo com o PorData, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, a taxa de desemprego total em 2021 ascendeu a 6,6%, o que compara com uma taxa de desemprego no grupo etário com menos de 25 anos de 23,4%.
[3] De acordo com o “Livro Branco: Mais e Melhores Empregos para os Jovens”, da Fundação José Neves, 53,9% dos contratos de trabalho da população entre os 15 e os 24 anos são temporários, o que compara com 14,6% na população ativa total (15-64 anos). Em 2019, 30,2% dos jovens eram sobrequalificados para as funções que desempenhavam.