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24.07.2024 | Comunicados - Associação BRP

Associados do BRP implementam novos recibos de vencimento para demonstrar elevada carga fiscal

Iniciativa pretende aumentar a literacia financeira, informando os colaboradores e a sociedade dos reais custos associados à remuneração, e alertar para as mudanças necessárias no sistema fiscal
Associados do BRP implementam novos recibos de vencimento para demonstrar elevada carga fiscal
  • Mais de 24.000 colaboradores de sete empresas entram nesta primeira fase – Altice, BA Glass, EDP, Grupo Sousa, José de Mello, Salvador Caetano e Sugal
  • Associação BRP defende necessidade de repensar o sistema de IRS e Segurança Social para promover o sucesso dos trabalhadores e aumentar parcela do custo do trabalho que chega efetivamente aos colaboradores

 

Lisboa, 24 de julho de 2024 – Portugal tem o 8º maior tax wedge da OCDE, ou seja, a diferença entre o custo de um trabalhador para a empresa e o salário líquido recebido, uma realidade que traduz uma elevada carga fiscal e parafiscal, que penaliza os trabalhadores e restringe o crescimento empresarial. Para clarificar os custos associados à remuneração e alertar para as mudanças necessárias para aliviar o elevado nível de encargos sobre o trabalho, a Associação Business Roundtable Portugal criou um modelo de recibo de vencimento que dá visibilidade aos encargos totais das empresas com os salários dos seus colaboradores.

Nesta primeira fase, o projeto conta com a adesão de sete empresas – Altice, BA Glass, EDP, Grupo Sousa, José de Mello, Salvador Caetano e Sugal -, que estão já a implementar o modelo, abrangendo, de forma faseada, um total de 24.000 colaboradores. Contudo, o objetivo é que, nos próximos meses, mais empresas, associadas e não associadas, se juntem à iniciativa.

A Associação BRP tem vindo a defender a necessidade urgente de se repensar o sistema fiscal nacional, que atualmente coloca Portugal entre os países da OCDE com as cargas fiscais mais elevadas sobre o trabalho. Por exemplo, em 2023, o peso dos impostos e das contribuições sociais no custo total suportado pela empresa para um trabalhador solteiro e sem filhos, com salário médio, era de 42,3%, enquanto a média da OCDE se situava em 34,8%. No caso das famílias com filhos, o tax wedge é ainda mais gravoso quando comparado com a OCDE, estando Portugal na 6ª posição da lista de países com maiores encargos (38,1% vs 29,5% da média da OCDE)

Esta iniciativapermitirá que as empresas comuniquem mensalmente o impacto do tax wedge no vencimento, proporcionando aos colaboradores uma visão clara dos custos pagos pela empresa com a sua remuneração. Este nível de transparência é essencial para corrigir a perceção pública de que as empresas pagam mal, quando, na realidade, uma enorme parte do custo do trabalho é entregue ao Estado e não ao colaborador”, esclarece Carlos Moreira da Silva, Presidente da Associação BRP.

Necessidade urgente de rever sistema fiscal

Atualmente, o sistema fiscal português penaliza o sucesso, é caro e complexo, limitando o potencial dos trabalhadores e travando o crescimento das empresas e do país. Esta realidade afeta tanto os mais qualificados e bem remunerados, como aqueles que ganham um pouco acima do salário mínimo nacional. Para ilustrar esta situação, considere-se o exemplo de um empregador que oferece um aumento de 150 euros a um trabalhador com salário mínimo (820 euros). Neste caso, a empresa terá de suportar uma despesa adicional de 186 euros, enquanto o trabalhador receberá apenas 65 euros líquidos, com o restante valor (121 euros) a ser absorvido por impostos e contribuições sociais.

Ao comparar a realidade fiscal nacional com a de outros países, o hiato fiscal que penaliza o emprego e os bons salários torna-se evidente. Por exemplo, uma empresa que paga 32.000 euros de salário bruto anual em Portugal enfrenta um custo adicional de 3.673 euros por ano em comparação com os Países Baixos, enquanto o trabalhador português recebe menos 6.685 euros líquidos anuais. No total, são 10.358 euros de desvantagem fiscal para quem ganha 2.286 euros por mês (14x).

Associados do BRP implementam novos recibos de vencimento para demonstrar elevada carga fiscal
Associados do BRP implementam novos recibos de vencimento para demonstrar elevada carga fiscal
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A Associação BRP, que representa 43 dos maiores grupos e empresas a operar em Portugal, empregando mais de 424 mil pessoas, 218 mil em Portugal, a quem paga um salário duas vezes superior à média do setor privado português, considera crucial promover e valorizar o esforço e o sucesso dos colaboradores, garantindo-lhes um retorno justo pelo seu empenho.

Para isso, é necessário redesenhar o sistema de IRS, reduzindo a voracidade fiscal, ainda que mantendo a progressividade que permite a redistribuição de riqueza.  Mas também é preciso avaliar o sistema de segurança social, porque o peso das contribuições é muito significativo para os encargos totais sobre o trabalho. Só combinado estas duas componentes será possível aumentar a parcela do salário que chega efetivamente aos trabalhadores.

 

SOBRE A ASSOCIAÇÃO BUSINESS ROUNDTABLE PORTUGAL

A Associação BRP refere-se a "Associação Business Roundtable Portugal", uma organização independente, apartidária, não associada ou relacionada com qualquer outra entidade, e de exercício do dever de cidadania das empresas associadas, das suas lideranças, e não de defesa dos seus interesses. A Associação BRP é composta por 43 líderes de empresas e grupos empresariais de diferentes setores, geografias e fases de desenvolvimento. Em conjunto, acumulam receitas globais de 124 mil milhões de euros, 59 mil milhões a nível nacional, empregam 424 mil pessoas, 218 mil em Portugal, onde pagam um salário duas vezes superior à média do setor privado, e investem mais de 10 mil milhões de euros. A atividade da Associação BRP pode ser acompanhada em www.abrp.pt.