-->
-->
09.10.2023 | Comunicados - Associação BRP

Associação BRP defende um Orçamento do Estado audaz, com medidas focadas no crescimento do país, e não do Estado

Associação BRP defende um Orçamento do Estado audaz, com medidas focadas no crescimento do país, e não do Estado
  • OE 2024 necessita de medidas audazes para capitalizar o contexto único de controlo orçamental sem comprometer o crescimento futuro, defende a Associação BRP
  • BRP propõe substituir o IRS Jovem pelo programa Regressar e prolongar o regime de contratação de jovens até aos 35 anos para travar a fuga de talento; ao nível das empresas, propõe a redução da taxa normal de IRC para 17% e convergência da taxa marginal com a taxa efetiva de IRC
  • Propõe ainda um choque de liquidez para as famílias e empresas, através da redução do excesso de retenção na fonte (IRS) e pagamento especial por conta (IRC), do pagamento a tempo e horas das dívidas do Estado aos fornecedores e a aceleração da resolução dos litígios fiscais

Lisboa, 9 de outubro de 2023 – A evolução favorável do peso da dívida e o aumento da receita fiscal são resultado da conjugação do recente crescimento do PIB com o nível de inflação dos últimos dois anos. Hoje, cada português deve mais 3.392 euros do que devia em 2015, visto que a dívida pública cresceu 36,8 mil milhões de euros nesse período, o que demonstra que o único caminho para ter um país mais desenvolvido e maior justiça social é continuar a crescer a um nível claramente superior ao dos últimos 25 anos., criando mais riqueza. Esta é a convicção da Associação Business Roundtable Portugal (Associação BRP), que defende para o Orçamento do Estado para 2024 medidas urgentes e concretas, focadas nas pessoas e nas empresas, e não no Estado, para acelerar o crescimento do país.

De acordo com a Associação BRP, que representa 41 das maiores empresas e grupos empresariais nacionais, o Estado tem sido o principal beneficiário do crescimento económico, colocando em risco a atratividade do país para trabalhadores e investidores. No entanto alerta que a situação pode inverter-se a curto e médio prazo caso se continue a penalizar quem cria riqueza, em particular, o talento mais qualificado e diferenciado e as empresas mais produtivas, que investem e inovam mais e pagam melhores salários.

“O crescimento não é uma questão de sorte, é uma escolha. E precisamos de escolher crescer de forma sustentada e prosperar. Se nada for feito, não serão só os jovens a sair do país, à procura de melhores oportunidades”, refere Pedro Ginjeira do Nascimento, Secretário-Geral da Associação BRP.

Portugal já vive uma situação de fuga de talentos, com o crescimento da emigração qualificada, com a saída de 194 mil portugueses licenciados durante a última década, que representam 1,9 mil milhões de euros de investimento em educação desperdiçado por ano (ver paper Um país com futuro: atrair e reter o talento em Portugal). A fuga do investimento e das empresas representaria uma perda capital dos fatores produtivos e de geração de riqueza, com implicações graves e sérias na economia e no campo social.

“É preciso coragem e vontade política para adotar novos modelos de crescimento, suportados por políticas públicas mais competitivas, que promovam o sucesso e nos permitam concorrer em igualdade de circunstâncias com os nossos parceiros e concorrentes europeus. Isso passa, desde logo, pela redução dos custos de contexto”, conclui.

O Orçamento do Estado para 2024 não pode ser visto como um mero exercício contabilístico, mas como um instrumento potenciador de uma estratégia de crescimento focada nas pessoas e nas empresas. E para isso, a Associação BRP entende que é preciso enfrentar os três pecados capitais do sistema fiscal português: incentivar o sucesso, reduzir custos e simplificar.

Neste sentido, preparou várias propostas que gostaria que fossem refletidas no próximo exercício e que podem ajudar Portugal a tornar-se num país económica e socialmente mais desenvolvido, justo e sustentável.

 

MEDIDAS PARA PROMOVER O SUCESSO DAS PESSOAS E TRAVAR A FUGA DE TALENTO

ÁREA

PARA QUEM

PROPOSTA

IRS

Jovens

Substituir o IRS Jovem pelo Programa Regressar (incidência do IRS sobre 50% dos rendimentos), aplicando-se a todos os jovens. É um programa que já existe, é mais vantajoso, mais claro e mais simples.

IRS

Todos os contribuintes

Estabelecer uma regra de atualização automática dos escalões e limites de deduções do IRS à taxa da inflação.

IRS

Famílias com menores rendimentos

Rever as taxas de IRS dos três primeiros escalões para eliminar a perversidade que existe: quando o rendimento duplica do 1º para o 2ª escalão, o imposto aumenta cinco vezes. Tem de compensar ter sucesso: trabalhar e receber mais.

Tax Wedge

Jovens

Alargar o regime de contratação de jovens à procura do primeiro emprego através do aumento da idade limite até aos 35 anos (atualmente 30 anos) e do período de redução temporária da taxa contributiva para 10 anos.

 

MEDIDAS PARA PROMOVER O SUCESSO E O CRESCIMENTO DAS EMPRESAS

ÁREA

PARA QUEM

PROPOSTA

IRC

Todas as empresas

Reduzir a taxa normal de IRC de 21% para 17% para todas as empresas, eliminando a progressividade.

Estabelecer objetivo plurianual para eliminação das derramas e contribuições extraordinárias.

IRC

Todas as empresas

Igualar a taxa nominal com a atual taxa efetiva, reduzindo a taxa máxima e eliminando todas as deduções ou incentivos.

 

MEDIDAS PARA AUMENTAR A LIQUIDEZ E COMBATER A FALTA DE CAPITAL

A Associação BRP acredita que o país tem um montante equivalente ao do PRR parado por conta do Estado, que devolvido às pessoas e empresas poderiam alavancar o crescimento do país.

ÁREA

VALOR

PROPOSTA

Reembolsos
IRS e IRC

5,3 mil milhões de euros (3,5 relativo a IRS e 1,8 a IRC)

Evitar retenções na fonte em excesso, que são retiradas coercivamente às famílias e empresas e devolvidas quase um ano depois sem qualquer remuneração.

Pagamentos
do Estado a fornecedores

>890 milhões
de euros

Exigir o pagamento atempado por parte do Estado. Os 890 milhões de euros dizem respeito faturas com atraso de pagamento superior a 90 dias, numa altura em que a UE quer exigir que se pague às PMEs a 30 dias da fatura (não 30 dias depois da data de vencimento).

Montantes
pendentes de decisão nos tribunais administrativos
e fiscais

11 a 17 mil
milhões de
euros

Os litígios pendentes de resolução em tribunais administrativos e fiscais são resultado da complexidade fiscal e da incapacidade de resposta dos tribunais. Procurar vias alternativas como o alargamento do recurso à arbitragem institucionalizada do CAAD.

 

A Associação BRP considera, por fim que, mais do que medidas avulsas implementadas anualmente, é preciso uma estratégia assente na simplificação do sistema fiscal, que permita que as empresas possam ter um enquadramento competitivo mais alinhado com a dos concorrentes e parceiros europeus. Num mercado global muito competitivo, este seria um sinal claro e essencial para alcançarmos um crescimento mais intenso nos próximos anos, defende esta entidade.

-->

SOBRE A ASSOCIAÇÃO BUSINESS ROUNDTABLE PORTUGAL

A Associação BRP refere-se a "Associação Business Roundtable Portugal", uma organização independente, apolítica, não associada ou relacionada com qualquer outra entidade, e de exercício do dever de cidadania das empresas associadas, das suas lideranças, e não de defesa dos seus interesses. A Associação BRP é composta por 41 líderes de empresas e grupos empresariais de diferentes setores, geografias e fases de desenvolvimento. Em conjunto, acumulam receitas globais de 124 mil milhões de euros, 59 mil milhões a nível nacional, empregam 424 mil pessoas, 218 mil em Portugal, onde pagam um salário duas vezes superior à média do setor privado, e investem mais de 10 mil milhões de euros. A atividade da Associação BRP pode ser acompanhada em www.abrp.pt.