É com elevado sentido de responsabilidade e missão que assumo a presidência da Associação BRP. Estou, juntamente com a restante Direção, empenhado em ampliar a influência e o impacto das nossas propostas e iniciativas na sociedade e no país, de formar a concretizar a ambição de crescimento que reclamamos para Portugal.
De 2016 a 2019, as grandes empresas obtiveram um Valor Acrescentado Bruto a preços de mercado 10 vezes maior que uma empresa média e, em 2019, foram, em média, cerca de 3,7 vezes mais produtivas que as empresas de média dimensão
Grandes empresas pagam melhores salários (+30% que as médias e +70% do que as pequenas) e investem mais em R&D (9x mais que as médias e 30x mais que as pequenas)
Com mais 150 grandes empresas, o VAB cresceria mais 4%; a receita fiscal agregada mais 5% e as exportações teriam um incremento de 10%
Lisboa, 20 de março de 2023 – Estima-se que se em 2019 tivessem surgido 150 novas grandes empresas, estas teriam contribuído mais 4% para o Valor Acrescentado Bruto a preços de mercado (VABpm), mais 5% de receita fiscal agregada e mais 10% em exportações. Esta é uma das principais conclusões do estudo ‘Análise prospetiva do impacto do crescimento das grandes empresas em Portugal’, um trabalho de investigação desenvolvido pela NOVA Information Management School (NOVA IMS) em conjunto com a Associação Business Roundtable Portugal (Associação BRP), e que tem como objetivo avaliar o impacto das grandes empresas na economia nacional.
De acordo com o estudo hoje apresentado na conferência “Querer e Crescer: Ideias para acelerar o crescimento de Portugal” da Associação BRP, as grandes empresas são o principal motor da economia e um elemento imprescindível para estimular o crescimento do país.
Através da análise efetuada, verificou-se que entre 2016 e 2019 – período em que o número de grandes empresas cresceu de 1.038 para 1.291 – este tipo de organizações apresentaram um VABpm 10 vezes superior a uma empresa média e, em 2019, as grandes empresas foram, em média, cerca de 3,7 vezes mais produtivas que as médias. Já a nível salarial, as grandes empresas gastaram uma média de 30.900 euros por trabalhador, mais 30% que as médias e mais 70% que as pequenas. No que respeita ao investimento em projetos de investigação e desenvolvimento (I&D), verificou-se que, em média, o investimento das grandes empresas foi 6 vezes superior face ao investimento das médias empresas, entre 2016 e 2019.
Já António Rios Amorim, Vice-Presidente e Líder do Grupo de Trabalho EMPRESAS da Associação BRP e Presidente e CEO da Corticeira Amorim, complementa: “A pergunta que se impõe é: perante estes números, qual não seria o impacto de existirem 2, 3 ou 4 vezes mais grandes empresas no nosso país?! Estaríamos a falar de um contributo bastante significativo para o crescimento de Portugal, permitindo-nos competir com outros mercados altamente competitivos. No entanto, o crescimento do número de grandes empresas registado no país não está a conseguir acompanhar o desenvolvimento económico dos nossos concorrentes.”
Para compreender melhor o papel das grandes empresas para a economia, a equipa de investigação realizou ainda uma análise ‘What If’, através da qual se procurou perceber qual o impacto de ter 150 novas grandes empresas no tecido empresarial português. Dessa avaliação, que teve como base de análise os indicadores registados em 2019, estima-se que adicionar à economia nacional mais 150 grandes empresas, distribuídas pelos setores mais produtivos, iria possibilitar um aumento de 4% do Valor Acrescentado Bruto a preços de mercado, de 10% nas exportações, e de 5% na receita fiscal agregada. Para além destes fatores, também a produtividade aparente e os salários aumentariam 1% cada.
Já quando analisado o cenário onde 150 médias empresas dos setores mais produtivos com potencial de crescimento transitam para grandes empresas, verifica-se um aumento, por exemplo, de 5% na receita fiscal agregada e de 3% nas exportações.
Perante os dados apresentados, António Rios Amorim não tem dúvidas: “Precisamos, urgentemente, de agir. Portugal atravessa neste momento um cenário de défice de produtividade, perante o qual a percentagem inferior a 1% de grandes empresas na nossa economia não chega para estimular o crescimento que o país necessita. É, por isso, imperativo adotar soluções estruturantes que nos permitam potenciar o crescimento das nossas empresas, tornando as pequenas médias, as médias grandes e as grandes globais. Vimos, neste exercício, que 150 novas empresas representariam ganhos significativos na nossa economia. Imagine-se o impacto que não teriam mais 600 grandes empresas, que não só produziriam mais e criariam mais riqueza, como também pagariam melhores salários, proporcionaram maior bem-estar social e contribuiriam mais para o crescimento sustentável do país.”
Vasco de Mello, Presidente da Associação BRP e Presidente do Grupo José de Mello, acrescenta: “Na nossa Associação, esse caminho já começou a ser traçado há mais de um ano com o apoio dos nossos 42 associados e de vários parceiros. Em conjunto, temos trabalhado para desenvolver propostas de soluções para aqueles que são os principais desafios ao crescimento das empresas e do país: queremos mais pessoas qualificadas, mais crescimento e aumento da competitividade das empresas, e um Estado mais eficiente. Recentemente apresentámos alguns caminhos de solução para promover a atração e retenção do talento nacional, sobretudo talento qualificado, mas muito mais já foi feito. Nos últimos meses lançámos com o IPCG o Programa Metamorfose para profissionalizar o Governance das PMEs; estabelecemos um protocolo de cooperação com a AICEP, que prevê um conjunto de ações de apoio à globalização das empresas, tais como os programas INOV CONTACTO, INOV CONTACTO REVERSE e a Rede de Espaços Co-work; bem como a proposta de aceleração da justiça fiscal, expandido o âmbito do Centro de Arbitragem Administrativa na resolução de litígios de natureza fiscal até aos 150 milhões de euros em consonância com o que acontece nos casos administrativos. Estamos comprometidos em apoiar o nosso país a crescer, e para isso contamos com a participação de todos”.
Aceda às apresentações realizadas por Pedro Ginjeira do Nascimento, Secretário-geral da Associação BRP, Pedro Santa Clara, Diretor 42 Lisboa e Porto, Bruno Damásio, Professor Auxiliar da Nova IMS, e Fernando Alexandre, Professor Universidade do Minho